MANAUS (AM) – Há mais de duas décadas, os irmãos Givancir e Josildo de Oliveira comandam as entidades sindicais do setor de transporte em Manaus, em meio a acusações de manipulação, uso pessoal das organizações e uma série de controvérsias jurídicas e trabalhistas. Sua liderança prolonga-se mesmo após denúncias graves, incluindo um caso de homicídio em Iranduba – que levou à prisão de Givancir – e suspeitas de irregularidades na gestão sindical.
Enquanto consolidam poder – Josildo recentemente assegurou a presidência do Sindicato do Transporte Especial (SINDESPECIAL) –, a categoria enfrenta sucessivas crises: atrasos salariais que resultaram em dois dias de greve, demissões em massa, extinção de postos de trabalho como o de cobrador e perda generalizada de direitos.
Profissionais do setor relatam abandono e falta de transparência por parte das entidades que deveriam representá-los. Denunciam ainda perseguição a quem ousa questionar a estrutura de comando, apontando um desvio de finalidade: de instrumentos de luta coletiva, os sindicatos teriam se tornado mecanismos de acordos individuais e benefícios privados aos irmãos.
O histórico de Givancir inclui condenações na Justiça por ataques a jornalistas, além de investigações por apropriação indevida de estrutura sindical. Não há, no entanto, movimentos por eleições abertas ou consultas que possam contestar a permanência dos irmãos à frente das entidades.
Josildo, por sua vez, é acusado de compra de votos e de atuar simultaneamente em mais de uma empresa do setor. Seu nome também surge em conversas sobre promessas de vantagens em troca de apoio, prática que alimenta desconfiança entre os filiados.
A família ainda conta com o vereador Jaildo de Oliveira, que se apresenta como porta-voz dos trabalhadores, mas é visto com ceticismo por muitos, que o acusam de omissão durante demissões coletivas e de atuar com maior intensidade apenas em períodos eleitorais.
O resultado é um cenário de desassistência e concentração de poder: enquanto os Oliveira mantêm controle sobre sindicatos e influência na Prefeitura de Manaus, os trabalhadores seguem sem voz efetiva, submetidos a condições de trabalho cada vez mais precarizadas.