MANAUS (AM) – Em um depoimento marcado por dor e indignação, Oziel Pereira, pai da menina de 5 anos brutalmente assassinada em Manaus, revelou que a filha, Rafaely Stacey Ramirez Lima, de 5 anos, já havia confessado a ele os maus-tratos sofridos pelas duas mulheres agora presas pelo crime. O caso, que chocou a capital amazonense, expõe uma sequência de falhas do sistema de proteção à criança.
Em entrevista emocionada, Oziel contou que a pequena o alertou sobre as agressões. “Sim, porque quando ela estava comigo, ela me falava: ‘Papai, a Rafaela me bate e a Vitória também me bate’. Ela dizia que eu não gostava delas duas”, relatou o pai, que mora em Fonte Boa (a 678 km de Manaus) e perdeu o contato com a filha após ela se mudar para a capital. Ao vir para Manaus para reconhecer o corpo no IML, ele desabafou: “A dor no coração agora é grande…muito grande. Quero que a justiça seja feita. Aqui na terra e no céu também”.
A tragédia foi precedida de repetidos sinais de negligência. A advogada Adriane Magalhães, que representa a família do pai, acusou publicamente o Estado e o Conselho Tutelar de omissão. “Em março, o Ministério Público denunciou a genitora e a companheira dela, mas nada foi feito. Se tivessem dado atenção, essa criança estaria viva hoje”, afirmou. Ela destacou que denúncias formais feitas pelo pai e por um advogado também foram ignoradas.
As suspeitas, que já estão presas, tentaram encobrir o crime com versões inverossímeis afirmando que a menina tinha sofrido uma queda no banheiro, todas descartadas pela polícia diante da brutalidade das lesões. A advogada classificou o caso como tortura seguida de homicídio qualificado e cobrou punição máxima para as assassinas.