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O que já começa a mudar para mulheres com Talibã no poder no Afeganistão

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MUNDO | A chegada do Talibã a Cabul, capital do Afeganistão, despertou medo nos cidadãos, principalmente nas mulheres. Com o retorno do grupo fundamentalista islâmico ao poder após 20 anos, as afegãs temem perder os direitos sociais e econômicos que conquistaram nas últimas duas décadas.

O Taleban impõe uma interpretação radical e estrita da lei islâmica que restringe severamente os direitos das mulheres.

A seguir, algumas das mudanças já observadas em Cabul em relação às mulheres nos primeiros dias após a volta do Taleban:

Os principais canais de televisão do Afeganistão continuaram suas transmissões depois que o Taleban assumiu o poder.

No entanto, há diferenças notáveis, como o fato de não haver mais apresentadoras mulheres, de acordo com a BBC Monitoring.

Também foi observado um grande aumento nos comentários favoráveis ao Talibã, em paralelo a muito poucas críticas ao grupo, em canais como a TV estatal National Afghanistan e as redes privadas Tolo News, Ariana, Shamshad e 1TV.

Nem vestidos, nem maquiagem:

Foto: Reprodução

Após o avanço do Talibã no Afeganistão, muitos direitos sociais e econômicos conquistados nos últimos 20 anos chegaram ao fim de repente, disseram vários cidadãos afegãos à BBC.

E denúncias de restrição às liberdades das mulheres não são exceção.

”Há muitas restrições agora. Quando eu saio, tenho que usar burca (traje que cobre completamente o corpo da mulher, com uma treliça estreita à altura dos olhos), conforme ordenado pelo Taleban, e um homem precisa me acompanhar”, conta uma parteira de Ishkamish, distrito rural com serviços escassos na província de Takhar, na fronteira nordeste do Afeganistão com o Tajiquistão.

‘Não sei como será o nosso futuro’

Muitas mulheres em Cabul sentem medo e falta de esperança. Uma jovem, que preferiu não se identificar, descreveu a cidade como “silenciosa”. O Talibã governa a capital e todos estão em casa, disse ela à BBC.

“Eu tinha muitos planos para o meu futuro, mas agora não posso trabalhar nem ir para a universidade”, acrescentou.

“Não sei como será nosso futuro. Isso me fez perder a esperança. Estou procurando uma maneira de sair do Afeganistão porque não há esperança para as mulheres.”

Foto: Reprodução

Aisha Ahmad, que estuda ciência da computação na Universidade de Cabul, acabou agredida no domingo junto à multidão que tentava pegar um voo para fugir do país no Aeroporto Internacional Hamid Karzai, na capital.

“A multidão foi empurrada pela polícia, crianças e mulheres estavam no chão, machuquei minhas mãos, pés e joelhos”, contou a jovem de 22 anos à agência de notícias PA.

Depois de não conseguir embarcar, Ahmad fez um apelo nas redes sociais para que algum país conceda asilo a ela para que possa terminar seus estudos, o que ela não acredita mais ser possível.

“Perdi as esperanças e acho que não será um caminho fácil”, disse ela. “Sinto como se estivesse em um túnel…

Não consigo ver nenhuma luz brilhante e não sei qual é o comprimento do túnel.” Mahbouba Seraj, ativista pelos direitos das mulheres e crianças em Cabul, disse à BBC que não serviria a ninguém se todas as mulheres deixassem o país, acrescentando que ela está disposta a dialogar e trabalhar com o Talibã.

“Se as mulheres do Afeganistão, as que estão envolvidas e temos trabalhado, pudessem se sentar à mesa e conversar com essas pessoas (os militantes), eles poderiam ser inteligentes e se conscientizar sobre os recursos que têm com as mulheres do Afeganistão”, declaro.

“Porque antes disso, antes do Taleban, nem o mundo nem nossa própria república via realmente a força da mulher afegã.”

Expressoam:

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