MANAUS (AM) – Gravações inéditas do sistema de monitoramento do Hospital Santa Júlia, na capital amazonense, divulgadas neste domingo (7) pelo Fantástico, revelam a sequência que levou à morte de Benício Xavier, de apenas 6 anos. As imagens mostram que o menino chegou ao local andando e conversando com os pais, sem apresentar sinais de gravidade. A polícia apura o episódio como um possível erro médico após ele receber adrenalina na veia.
O registro em vídeo detalha a movimentação da família. Após se dirigirem ao consultório da Dra. Juliana Brasil, a mãe de Benício sai com uma receita e todos vão para a sala de medicação. Ele apresentava um quadro de laringite.
Na sala, a técnica de enfermagem Raiza Bentes Paiva se prepara para administrar uma injeção no menino, que é colocado em uma maca. Os pais tentam tranquilizá-lo durante o procedimento, já que é a primeira vez que a medicação será feita de forma intravenosa. Um mês antes, Benício esteve no mesmo hospital com os pais e fez uso da adrenalina, mas como nebulização. Desta vez, o fato causou estranhamento na mãe.
A situação muda radicalmente logo após a aplicação. A criança tem uma reação súbita e começa a passar mal, levando a técnica a sair rapidamente em busca da médica. O garoto dizia que o coração “ardia”.
As imagens captam ainda um momento considerado chave para a investigação: ao ser chamada, a Dra. Juliana Brasil atende a um telefonema celular ainda no local. De acordo com dados colhidos pelos investigadores, ela teria dito ao médico plantonista, Dr. Enryko Queiroz, que cometeu um engano na prescrição e que o paciente estava passando mal.
Benício foi levado em emergência para a UTI após quatro hotas, onde sofreu várias paradas cardíacas e respiratórias, não resistindo. Nas imagens, é possível ainda ver o pai desesperado, no canto da maca, rezando e abaixado.
O Hospital Santa Júlia comunicou o afastamento das duas profissionais envolvidas e afirmou estar prestando total cooperação às autoridades. A médica teria reconhecido a falha em documentos e conversas, conforme a polícia, mas sua defesa alega que a confissão ocorreu sob forte comoção. A técnica de enfermagem também responde ao inquérito e diz que apenas seguiu a prescrição. Ambas estão em liberdade durante o andamento das investigações.