MANAUS (AM) – Uma possível tentativa de adulteração de provas pela médica Juliana Brasil Santos, principal investigada pela morte do menino Benício Xavier, de 6 anos, é investigada pela polícia. Ele morreu por overdose de adrenalina no dia 23 de novembro, no Hospital Santa Júlia, em Manaus. A suspeita foi confirmada pelo delegado Marcelo Martins, titular do 24º Distrito Integrado de Polícia (DIP), nesta quarta-feira (3), responsável pela investigação.
De acordo com o delegado, pelo menos três testemunhas, que são profissionais de saúde e estavam no hospital no dia do incidente, relataram indícios de manipulação de evidências pela médica. “Isso nos chamou a atenção, e vamos dar todo o andamento necessário”, afirmou Martins. Novas diligências estão em curso, incluindo uma acareação marcada para esta quinta-feira (4).
A investigação já ouviu, apenas nesta semana, nove profissionais de saúde, além dos pais da criança. Nesta quarta, uma técnica de enfermagem foi interrogada por quase três horas. Na terça (2), foram escutados um médico e três enfermeiros que atuavam na UTI no dia da morte, e na segunda (1º), o pediatra Enryko Garcia, chefe da pediatria no hospital, que confirmou troca de mensagens com Juliana. Além dele, o enfermeiro Tairo Neves corroborou a versão de que a técnica de enfermagem ficou sozinha durante a reação adversa, divergindo do relato da médica.
Contradições na defesa
A defesa de Juliana Brasil sustenta que o erro na prescrição da adrenalina foi causado por uma falha no sistema Tasy do hospital, que teria alterado automaticamente a via de administração de inalatória para intravenosa. No entanto, um vídeo apresentado pelos próprios advogados como prova demonstrou que a médica, ao simular a prescrição, acessou a aba “Solução” em vez de “Medicação”, o que naturalmente limita as opções do sistema, fragilizando a tese da “alteração automática”.
A médica já havia admitido o erro em mensagens e em documento enviado à polícia, mas sua defesa alega que a confissão foi feita “no calor do momento”. O caso é investigado tanto pela Polícia Civil quanto pelo Ministério Público do Amazonas (MPAM), e a tipificação considerada até o momento é a de homicídio doloso qualificado.
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