MANAUS (AM) – A investigação sobre a morte do menino Benício Xavier, de 6 anos, aponta que a falha do médico da UTI em realizar uma intubação precoce e a ausência de consulta a especialistas – que poderiam ter indicado um medicamento para reduzir os efeitos da adrenalina – foram omissões decisivas que comprometeram qualquer chance de sobrevivência da criança. As conclusões foram apresentadas pelo delegado Marcelo Martins, do 24º Distrito Integrado de Polícia (DIP), responsável pelo inquérito após análise de depoimentos e laudos técnicos.
“Há apontamentos no sentido de que o médico deveria ter entubado o Benício de imediato, e isso não foi feito”, afirmou o delegado, ressaltando que o procedimento era essencial diante da gravidade do quadro. Ele também destacou a falta de solicitação de suporte especializado: “Ele deveria ter solicitado o parecer de especialistas, no caso o pediatra infantil e o anestesista, e isso não foi feito”. Segundo a polícia, a ausência dessas avaliações impediu a adoção de medidas capazes de estabilizar o paciente naquele momento crítico e Benício não teve chances de sobreviver.
Metoprolol
Outro ponto levantado foi a não administração de uma medicação que poderia atenuar os efeitos da adrenalina injetada, cuja dose foi muito maior do que a necessária para peso da criança e via. “Surgiu a informação de que havia uma medicação que poderia ter sido administrada no início para diminuir os efeitos da adrenalina, como o metoprolol. A adrenalina continuaria no corpo, mas seus efeitos cardíacos poderiam ser controlados”, explicou Martins. O medicamento teria ação seletiva no coração, ajudando a reduzir a frequência cardíaca e a estabilizar o quadro.
A investigação ainda identifica falhas em etapas subsequentes do atendimento, como a oferta de alimentação antes da intubação e problemas durante o próprio procedimento. “Foi oferecida a alimentação, o que não poderia ter ocorrido, e a intubação foi feita sem observar que o paciente havia se alimentado”, disse o delegado. Além disso, faltou um médico de retaguarda para intervir caso a intubação não tivesse sucesso, e houve uso inadequado de medicamentos sedativos.
O delegado elencou vários erros considerados graves pelo corpo clínico do hospital. O inquérito que investiga as responsabilizações ainda será concluído.
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