BRASÍLIA – Em sessão tensa da CPMI do INSS realizada nesta segunda-feira (3) em Brasília, o nome do deputado federal Silas Câmara (Republicanos-AM) e de seus familiares foi central nas investigações sobre o desvio de recursos da Confederação Brasileira dos Trabalhadores da Pesca e Aquicultura (CBPA). O relator da comissão, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), apresentou indícios concretos de repasses da entidade para empresas ligadas ao parlamentar e sua família.
De acordo com o relator, a empresa Network teria recebido valores expressivos da CBPA, totalizando R$ 1,9 milhão, e subsequentemente efetuou repasses para pessoas próximas ao deputado, todas ligadas à Igreja Evangélica Assembleia de Deus no Amazonas – IEADAM/CEADAM. Gaspar detalhou as transações: “Mandou R$ 11 mil para a Fundação Boas Novas, que é de Jônatas Câmara; R$ 37 mil para Heber Tavares Câmara; e R$ 9 mil diretamente para a conta do deputado Silas Câmara”.
Durante o interrogatório, Gaspar questionou o presidente da CBPA, Abraão Lincoln Ferreira, sobre seu relacionamento com o parlamentar: “O senhor conhece Silas Câmara?”. O depoente confirmou o relacionamento, mas adotou postura fechada, chegando a declarar “Permaneço em silêncio” quando indagado sobre visitas conjuntas ao Palácio do Planalto.
Falso testemunho e prisão
A deputada Adriana Ventura (Novo-SP) criticou veementemente a conduta do testemunha, acusando-o de “blindar poderosos”. Ao final da oitiva, o relator Alfredo Gaspar solicitou a prisão de Abraão Lincoln por falso testemunho, argumentando que o depoente “fez afirmação falsa, negou ou calou a verdade”. O presidente da comissão, senador Carlos Viana, acolheu o pedido, determinando a imediata prisão do presidente da CBPA.
A reportagem buscou contato com o gabinete do deputado Silas Câmara para esclarecimentos sobre as acusações, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição.







