BELÉM (PA) – A 100 dias da COP30, 25 países – incluindo Canadá, Suécia e Holanda – exigem a transferência do evento climático devido aos preços exorbitantes das hospedagens em Belém, onde diárias chegam a custar 15 vezes acima do normal. Em carta à ONU e ao governo brasileiro, os signatários (que incluem desde nações africanas até europeias ricas) alertam que os valores inviabilizam a participação segura de delegações.
O governo brasileiro, que tem na COP30 uma prioridade de Lula e do governador Helder Barbalho (MDB-PA), nega mudar a sede, mas reconhece a crise. André Corrêa do Lago, presidente da conferência, admitiu que hotéis locais “não percebem a gravidade da situação”, com tarifas chegando a US$ 700 por noite.
Só para se ter ideia, algumas acomodações como um apartamento com um quarto com uma cama e um banheiro chegam a R$ 729 mil a diária de cinco dias. O local fica cerca 2,8 quilômetros do Centro e tem 92 metros quadrados.
Como solução emergencial, o Brasil oferece 2,5 mil quartos subsidiados (entre US$ 200 e US$ 600), além de estudar alternativas como cruzeiros e escolas como alojamento. Os países, porém, exigem diárias máximas de US$ 164 e rejeitam propostas como divisão de quartos. A ONU deu até a próxima segunda-feira (11) para o Brasil apresentar um plano viável, sob risco de um boicote que comprometeria as negociações climáticas.
Enquanto isso, a organização tenta conter práticas abusivas do setor hoteleiro, mas a crise logística já levanta dúvidas sobre a capacidade de Belém receber os 50 mil esperados para o evento em novembro.
Nas redes sociais, até os próprios paraenses reclamam. Além da falta de infraestrutura na cidade, muitas das alternativas de alojamento não possuem o mínimo de luxo, não justificando os preços exorbitantes.
“Eu tô até agora chocado com a moça no Profissão Repórter cobrando 6k na diária de um quartinho que originalmente é 350 reais”, apontou um. “Tão é roubando. Não tem motivo desse preço assim com o que é oferecido. Só o café da manhã e olhe lá”, opinou outro.
A situação já virou debate nas redes sociais onde é questionado como ficará a imagem do povo nortista. Alguns também defendem que se o evento fosse em Manaus, a subida dos preços não seria tão exagerada.