Uma nova ação contra o secretário Sabá Reis (Avante) titular da Secretaria Municipal de Limpeza Pública (Semulsp), volta a colocar o nome do fiel escudeiro do prefeito David Almeida (Avante), na berlinda, agora por uso irregular do cemitério Nossa Senhora Aparecida”, conhecido como ‘Cemitério do Tarumã’, na zona Oeste de Manaus.
O caso foi designado para a A 57ª Promotoria de Justiça de Defesa dos Direito Humanos e Cidadania, e ficará a cargo do promotor Mirtil Fernandes do Vale. Essa não é a primeira vez que o cemitério é alvo de denúncias.
Em 2024 Sabá recebeu uma multa do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), num total de R$ 200 mil por falta de licença ambiental no mesmo Cemitério Nossa Senhora Aparecida sem licença ou autorização ambiental.
MAIS DENÚNCIAS
Ano passado, o péssimo estado do Cemitério no bairro Tarumã foi alvo de uma reportagem exclusiva da nossa equipe de reportagem.
Uma leitora foi aliciada por um vândalo, enquanto visitava o túmulo do marido. O suspeito fotografado andando entre os túmulos ainda se masturbou para ela. “Nem os mortos tem paz, e nem os familiares que vão visitar as lápides. Corri para a guarita e não tinha ninguém”
PROPINA
Em 2023, a Polícia Federal, em ação conjunta com a Receita Federal e o Ministério Público Federal, deflagrou a Operação “Dente de Marfim”, com o objetivo de combater crimes de sonegação fiscal, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro e corrupção.
Sabá Reis é citado como um dos personagens que receberia propina no esquema. A operação mobiliza 70 policiais federais, que cumprem 16 mandados de busca e apreensão em locais estratégicos identificados durante as investigações. Ainda foi deferido o bloqueio no valor de R$ 30 milhões das contas bancárias e ativos financeiros, dentre outros bens de 34 pessoas físicas e jurídicas.
A investigação da PF envolve a empresa Mamute Conservação, Construção e Pavimentação Ltda. e o secretário da Semulsp. A empresa tem contratos de R$ 40 milhões com a Prefeitura de Manaus.
A ação é o resultado de um relatório financeiro da Receita Federal, que apontou indícios de irregularidades ligadas a um escritório de advocacia e contratações públicas.
Sobre a investigação:
Durante as investigações, foram delineadas três linhas de trabalho. A primeira delas está relacionada à contratação, em 2016, de uma empresa de conservação, construção e pavimentação, durante a gestão de um ex-prefeito, sem a realização de licitação, fato que foi amplamente divulgado na imprensa local e objeto de denúncias aos órgãos de fiscalização.
Verificou-se que a referida empresa recebia a maior parte de suas receitas por meio desse contrato, ocasião em que foram identificados indícios de emissão de notas fiscais com informações falsas por empresas que prestaram serviços à mencionada empresa, destacando o envolvimento de um escritório de advocacia.
“A análise dos dados financeiros revela a suspeita de atividades do mencionado escritório, que recebia altas quantias após o pagamento de valores transferidos pela empresa de conservação, construção e pavimentação. Por sua vez, constatou-se que as notas emitidas para a empresa possivelmente eram destinadas a um indivíduo identificado pela investigação como empresário e antigo líder de um partido político no Amazonas, que recebeu pagamentos significativos da empresa investigada e de seus sócios”, diz a PF sobre as ligações da gestão de David Almeida e Sabá Reis.
A segunda linha investigativa revela a persistência das atividades ilícitas mesmo após a mudança de gestão municipal. A investigação descobriu que a conexão entre os investigados e a administração municipal não se limitava apenas a negócios contratuais. Foram identificadas nomeações para cargos no âmbito municipal, bem como a troca de favores que envolviam desde o fornecimento de material até a contratação de pessoal, havendo indícios que sugerem pagamento de vantagens indevidas pela empresa ao gestor da secretaria municipal.
Por fim, a terceira linha investigativa foca na queda da empresa, que não teve seu contrato renovado, bem como no possível envolvimento de um servidor de órgão fiscalizador, com suposta influência nas negociações com a administração pública local.
As medidas cautelares de busca e apreensão visam obter elementos que comprovem a prática dos crimes investigados, além de aprofundar a investigação sobre o destino dos recursos. Somadas, as penas dos crimes de sonegação fiscal, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro e corrupção podem ultrapassar 30 anos.
Balanço
Setenta policiais cumpriram mandados de busca e apreensão o bloqueio de R$ 30 milhões. Durante as buscas foram apreendidos automóveis de luxo, bolsas de grife e relógios de luxo, diversos celulares, documentos e notebooks.