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Pressionado, Pazuello deixa escapar que ‘Bolsonaro fala o que vem na cabeça’

Foto: Reprodução

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BRASÍLIA – O ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello reafirmou à CPI da Pandemia nesta quinta-feira (20) que o presidente Jair Bolsonaro não interferiu na gestão da pandemia enquanto ele esteve à frente da pasta. Segundo Pazuello, manifestações públicas do presidente sobre medidas sanitárias ou compra de vacinas eram  feitas “de improviso” e não devem ser interpretadas como ordens. ” Nós sabemos como é o nosso presidente. Ele fala de pronto o que vem na cabeça, como ele pensa. E algumas coisas precisam ser corrigidas depois. Algumas coisas precisam ser reconversadas.”

O senador Fabiano Contarato (Rede-ES) discordou dessa avaliação. Para ele, o presidente tem ingerência sobre seus ministros mesmo quando se manifesta informalmente. Contarato lembrou que, depois da crítica de Bolsonaro à vacina, o Ministério da Saúde cancelou a intenção de compra que havia anunciado. “O senhor [Pazuello] fala: “Vou adquirir 46 milhões de doses do Instituto Butantan”. No outro dia, numa live, o presidente fala: “Não vai adquirir”. O senhor fala: “Manda quem pode, obedece quem tem juízo”. O presidente tem o poder de ordenar os ministros de Estado. Então, ele fez isso”, argumentou Contarato.

A senadora Zenaide Maia (Pros-RN) disse que Bolsonaro “desautorizou” Pazuello no episódio da CoronaVac, e ressaltou que essa tem sido uma prática comum do presidente. Para ela, as ações públicas de Bolsonaro contradizem os esforços do Ministério da Saúde. “O presidente se comunica com a população pelas redes sociais. Ele tem uma influência grande. O senhor não insistiu em grandes campanhas de prevenção por quê? Como o senhor ia fazer isso? O senhor fazia campanha aqui, e o presidente da República ia para lá aglomerar, incentivar a aglomeração e a não usar máscara”, disse Zenaide.

Pazuello respondeu que as suas decisões foram embasadas pelas demais instâncias do ministério e que suas responsabilidades foram compartilhadas com estados e municípios, e voltou a afirmar que não foi pressionado pelo Planalto. “Cada setor, cada ministério, tem suas responsabilidades. No que tange ao Ministério da Saúde e ao SUS [Sistema Único de Saúde], eu posso afiançar que não tive pressão do presidente Bolsonaro para tomar esta ou aquela decisão.

O ex-ministro respondeu que a falta de informações que deveriam ser prestadas pelos estados por meio do e-SUS (sistema que estrutura a atenção básica) era “recorrente”, e se comprometeu a enviar uma análise detalhada para a CPI.

Colaboração para o Expresso AM, em Manaus:

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