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Investigação mostra que governador do AM usou PM para intimidar eleitor

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Manaus – Em reportagem o programa do Fantástico, da Rede Globo exibiu neste domingo,5, uma entrevista anônima que  deixou em evidência uma testemunha da Polícia Militar que diz que a corporação teve  ordens  para auxiliar na campanha do governador José Melo (Pros), candidato à reeleição, para  tornar reversível o resultado da eleição no segundo turno. Melo, no início da campanha tinha cerca de 10% das intenções de votos e a eleição sinalizava para a vitória de Eduardo Braga (PMDB) no primeiro turno. O governador conseguiu ir para o segundo turno, mas ficou atrás de Braga, que terminou o primeiro turno com 0,12% à frente do adversário. “Nós tivemos a missão de inverter o resultado da eleição”, disse o entrevistado, que não mostrou o rosto.

Na reportagem o programa revelou uma ligação telefônica interceptada pela Polícia Federal mostra um dos comandantes da corporação o coronel Marcus James Frota, dando ordens a um subordinado diante da apreensão de caminhões que transportavam eleitores do adversário do governador. “Acabamos de prender dois caminhões cheios de gente pra votar no 15 aqui na estada”, diz o subordinado, que ouve de Frota: “Joga fora, tudo dentro d’água, esse bando de filho duma égua”. O 15 era o número do candidato Eduardo Braga, e o coronel da PM recomenda que os eleitores sejam jogados na água. Eu outra gravação, Frota chama a atenção de um subordinado e informa que os ônibus apreendidos “são nossos”.

O homem que dá entrevista ao Fantástico é um ex-oficial da PM que trabalhou durante a campanha na corporação e diz que os policiais militares faziam barreiras, e que “a ordem era abordar somente os veículos do candidato opositor”. E completa: “Nós apreendíamos, tomávamos dinheiro. Os veículos que vinham com o adesivo do governador nós sequer abordávamos. Quando muito, cumprimentávamos, já que eles eram nossos parceiros”.

No interior do Estado, segundo o  ex-oficial, os policiais militares ofereciam carona para os eleitores mais humildes e perguntavam em quem eles iam votar. “Elas mostravam o santinho, nós tomávamos o santinho e entregávamos o nosso santinho, do nosso candidato. Quando nós não conseguíamos convencer na conversa, usávamos coação, pressão. Nós dizíamos que nós íamos ter que sair daquele município. O município ia ficar abandonado se o outro candidato ganhasse, ele não iria mais fazer nada pelo município”.

Segundo  o procurador regional eleitoral Victor Riccely Lins Santos diz que praticamente todo o comando da Polícia Militar estava envolvido. “Não é algo de uma maçã podre, apenas um policial. Era o alto escalão da Polícia Militar que era utilizada de forma veemente, de forma deliberada em favor da candidatura”.

A atividade era  montada de acordo com as pesquisas eleitorais, e tinham como foto os municípios e bairros de Manaus onde o governador José Melo estava com dificuldades em relação ao adversário, diz o ex-oficial da PM. “A pesquisa eleitoral era que direcionava o policiamento. A gente trabalhava, intensificava os municípios e os bairros onde o governador não estava bem nas pesquisas”.

No dia da eleição, o coronel Marcus James Frota teve uma ligação interceptada em que conversava sobre uma virada de Melo em um município não identificado. “Me diz uma coisa: Pelo que tu acha aí, a gente ganha aí?e ouve o seguinte: “Chefe, pelo que tá aqui, a maioria mudou pro Melo. Era uns que era Eduardo Braga. Me falaram que teve muita mudança”.

Marcus James Frota, quase um ano depois da eleição, foi promovido a comandante-geral da PM, mas pediu afastamento do cargo no mês passado, após a conclusão do inquérito e depois de ficar sabendo que ele seria objeto de reportagens de veículos de circulação nacional. O primeiro a usar o material foi a Revista Veja, que no dia 14 de maio publicou reportagem com o título “O enredo de uma bandalha eleitoral”. De acordo com o Fantástico, Frota ainda não foi exonerado do cargo e continua com todas as regalias da função. A reportagem mostra, inclusive, a filha do coronel utilizando um carro da Polícia Militar para fazer compras.

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