MANAUS (AM) – As investigações sobre a morte do menino Benício Xavier avançaram e indicam que outros médicos que atuaram no atendimento podem ser responsabilizados. A informação foi confirmada pelo delegado Marcelo Martins nesta quarta-feira (17), durante atualização do inquérito que apura o caso ocorrido no Hospital Santa Júlia, em Manaus.
De acordo com a Polícia Civil do Amazonas (PC-AM), além da médica Juliana Brasil, que prescreveu a dose incorreta de adrenalina, e da técnica de enfermagem Raiza Bentes, que aplicou o medicamento de forma inadequada, a apuração aponta uma sequência de falhas na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), envolvendo os médicos Luiz Felipe Sordi e Alexandra da Silva. Entre elas, a ausência de procedimentos imediatos, como intubação no momento correto, solicitação de pareceres especializados e falhas no manejo clínico antes e durante a intubação da criança.
O delegado afirmou que a liberação de alimentação antes do procedimento e o uso de medicação inadequada agravaram ainda mais o quadro do menino, retirando qualquer chance de sobrevivência. Para a autoridade policial, os erros foram sucessivos e causaram sofrimento intenso à vítima, o que levou à inclusão da qualificadora de crueldade no inquérito. Os médicos citados já prestaram depoimento, e novas oitivas não estão descartadas.
Paralelamente, os donos do Hospital Santa Júlia também prestaram depoimento e são investigados quanto à responsabilidade da unidade, incluindo protocolos de segurança, estrutura e falhas no sistema de prescrição. O hospital informou que afastou os profissionais envolvidos e instaurou investigação interna. A Polícia Civil segue reunindo elementos para definir a responsabilização criminal no caso.