RIO DE JANEIRO – Enquanto o estado do Rio de Janeiro contabilizava os 121 mortos na operação policial mais letal de sua história, Taua Brito contava as horas de angústia à porta do Instituto Médico Legal (IML). Sua história, assim como a de outras mães, revela o drama por trás dos números: a luta desesperada para salvar filhos seduzidos pelas promessas do tráfico e a dor de enterrá-los após o tiroteio.
“Meu filho, Wellington Brito, de 20 anos, ficou encurralado lá na Mata da Vacaria, na Penha”, relata Taua, microempreendedora que vende bolos e mãe solo. “Ele me mandou mensagem às oito da manhã da terça-feira pedindo ajuda. Disse: ‘Mãe, vem aqui, vem me buscar’”.
Na esperança de que sua presença pudesse poupar a vida do filho, ainda que isso significasse sua prisão, Taua saiu correndo de casa com os documentos. “Na cabeça dele, se eu fosse, eles iam levá-lo preso. Eu só queria tirar ele de lá para ele não morrer. Para ele pagar pelo que estava fazendo, mas preso, vivo”.
No local, seu apelo foi direto, mas não o suficiente para os policiais: “Eu gritei para eles: ‘Eu sou mãe! Estou aqui para pegar meu filho! Se tiver que levar preso, leva, mas não mata!’”. O apelo foi em vão. “Quando consegui subir, depois que a polícia foi embora, meu filho já estava morto com um tiro na cabeça. Eu encontrei ele”.
Nas mensagens divulgadas por Taua, quando ela já sabia da operação, a microempreendedora pede para Deus “dar uma direção” ao filho e diz que ele não precisava dessa vida. “Penso isso. Muito isso”, responde ele, nas últimas mensagens antes de ser morto.
A mulher lembra que queria ir embora no final do ano, para mudar de vida com Wellington, mas não deu tempo.








