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Em BH, sírios têm aulas de português para recomeçar a vida após a guerra

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Belo Horizonte – “Graças a Deus” é a expressão em português favorita de Eman Kadar, de 40 anos, que veio para o Brasil há quatro meses fugindo da guerra na Síria. Ela está entre os dezessete refugiados que começaram a ter aulas do idioma em uma pequena sala da Paróquia Sagrado Coração de Jesus, no bairro Santa Efigênia, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte.

“Eu tinha uma loja de roupas na Síria, mas tivemos que fugir por causa das bombas. Muitas bombas mesmo. Eu vim com meus dois filhos de 15 e 18 anos. Meu marido ainda está lá, trabalhando. Espero conseguir viver bem aqui, arrumar um trabalho. Aqui é bom, as pessoas são boas”, disse.

Eman – que significa fé em árabe – se reúne com outros sírios de terça a quinta-feira para aprender o português. “A língua é muito difícil. Muito diferente do árabe. Mas estamos aqui. Estamos dispostos a aprender”, disse Ghaly Kadar, de 48 anos, irmã de Eman.

“O trabalho que nós estamos fazendo é de acolhimento desse pessoal, solidariedade mesmo a eles para que eles tenham o mínimo da sensação de ‘eu consigo viver aqui, nesta pátria’”, contou a coordenadora da área de língua portuguesa do Colégio Santa Maria, Mônica Regina Leão que, ao lado da também coordenadora Vânia Morais, desenvolveu as aulas de português.

A instituição de ensino está à frente do projeto junto com a Arquidiocese de Belo Horizonte.

O progresso ainda é pequeno, mas para a assessora pedagógica da diretoria do Colégio Santa Maria, Maria Helena Menezes Carvalho, a recompensa é a gratidão dos sírios. “Eu senti que eles estão ansiosos em aprender. Tudo que a gente faz, eles ficam super agradecidos”, disse.

Por causa da fragilidade da região, o Estado Islâmico ocupou parte da província e, segundo os refugiados, é responsável pelo sequestro e morte de centenas de pessoas, instaurando o medo na região. No momento, o exército de Assad avança sobre a região.

No ano passado, mais de 70 sírios chegaram a Belo Horizonte fugindo da guerra.

“A nossa casa não existe mais. Foi bombardeada. Vim para cá com meu pai, minha mãe e meu irmão. A guerra é horrível”, disse Joseph Karam, de 15 anos, há três meses no Brasil, também aluno de português.

Ao lado dele estuda Imad Elias, de 53 anos. Ele é químico e trabalhava em um laboratório na Síria. Hoje, ganha a vida como assistente de eletricista em Belo Horizonte. “A minha palavra favorita em português é ‘obrigado’. Em árabe, a minha favorita é ‘Al salam’, paz. Paz para Síria”.

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