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Castanha do Pará traz benefícios para a saúde da tireoide, diz médico

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Manaus – Com somente a opção de tratamento, sem poder alcançar a cura, pacientes que sofrem de hipotireoidismo agora contam com outro tipo de auxílio. O médico endocrinologista Cley Rocha de Farias, em sua pesquisa de doutorado defendida pela Faculdade de Medicina da USP, concluiu que o selênio contido na castanha do Pará também ajuda no tratamento da doença.

Conhecida como hipotireoidismo ou tireoide de Hashimoto, a doença autoimune ataca as células da tireoide, provocando grande inflamação na região. Além do aumento na área do pescoço, onde está a glândula, há também outros sintomas causados pela diminuição de sua atividade, como cansaço, fraqueza e até depressão.

Para o médico Cley, um auxílio ao tratamento usual do hipotireoidismo, que consiste na ingestão dos hormônios perdidos, seria a suplementação de selênio. Essa substância é encontrada principalmente no solo das regiões norte e nordeste do Brasil. Em São Paulo, a sua concentração é baixíssima, de modo que a população paulistana está no limite inferior do selênio em seu organismo. “A principal fonte que a gente tem é da castanha do Pará, que não é produzida aqui em São Paulo, porque se fosse, provavelmente teria uma baixa concentração de selênio. E justamente por ela vir do norte, é que ela apresenta quantidade suficiente dessa substância.” diz o endocrinologista.

De acordo com a pesquisa de Cley de Farias, o selênio, por ser uma substância antioxidante, ajuda na redução dos anticorpos que destroem as células da tireoide. Porém, não são todas as pessoas que respondem da mesma maneira. Ao final da pesquisa, Cley chegou à conclusão de que o selênio atua melhor em determinados pacientes que  possuem alguns genes específicos, de forma que aqueles que não os tem, mesmo após a ingestão da substância, não terão melhora na doença autoimune.

O objetivo da pesquisa era avaliar o efeito da suplementação de 200 microgramas de selenometionina, composto que contém a forma orgânica do selênio, após três e seis meses de acompanhamento. Ao término do estudo, o médico chegou em bons resultados para  portadores da doença. Depois de três meses de suplementação, os anticorpos foram reduzidos em 5%, e após 6 meses, em 24%. Para o médico, esses números foram bem significantes, mas poderia melhorar ainda mais caso o estudo tivesse sido em um tempo maior.

O fator que mais surpreendeu Cley Rocha foi o não aumento da taxa de glicose no sangue (glicemia) depois da suplementação de selênio. Isso porque, alguns anos atrás, nos Estados Unidos, um grupo de pesquisadores tentou conduzir esse mesmo estudo, porém, teve que ser interrompido, já que o índice de diabetes entre os pacientes começou a aumentar. O pesquisador acredita que foi o uso do selênio inorgânico que causou esse efeito colateral. Por esse motivo, seu estudo foi pautado no uso do selênio orgânico (selenometionina).

A pesquisa contou com alguns entraves, como conta Cley. A Anvisa não aprova e regulamenta o uso de selenometionina no Brasil. Ela foi liberada para o estudo, mas o tratamento deverá ser feito somente com a ingestão da castanha e não de forma manipulada. “A castanha tem a mesma quantidade [de selênio]. A gente só não a usou, porque ela tem outras substâncias, que são os ácidos graxos essenciais, que também funcionam como antioxidantes. Isso seria uma interferência e a gente não iria saber se era realmente papel do selênio ou das outras substâncias da castanha. Mas pro meu paciente aqui eu oriento duas castanhas [por dia].” conta o médico sobre as escolhas do estudo.

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