São Paulo – Quase seis meses após o corpo de Itaberli Lozano ser encontrado carbonizado em um canavial em Cravinhos (SP), a família ainda não sabe quando conseguirá enterrá-lo. Isso porque, apesar de a Polícia Civil garantir que os restos mortais são do jovem, o exame de DNA foi inconclusivo e o laudo do segundo teste realizado não tem prazo para ser divulgado.
“Enquanto isso, a gente tem que esperar. A gente sabe que o corpo é dele mesmo, mas, sem esse papel, a gente fica sem saber o que fazer. O mais difícil é ficar esperando todo esse tempo para enterrar”, diz o tio do adolescente, o técnico em segurança do trabalho Dario Rosa.
Segundo as investigações, Itaberli foi morto pela mãe dentro de casa e com a ajuda de outros três jovens. Em seguida, ela e o marido, padrasto da vítima queimaram o corpo em uma plantação às margens da Rodovia José Fregonesi. Todos os suspeitos estão presos.
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Desde que os restos mortais foram encontrados em janeiro, permanecem no Instituto Médico Legal (IML) de Ribeirão Preto (SP). O primeiro exame de DNA, feito com material da mãe, foi inconclusivo. Para a polícia, o estado avançado de decomposição prejudicou o exame.
“Estamos só esperando a liberação para prestar as últimas homenagens. O rapaz do IML de Ribeirão falou que já pediu prioridade, porque foi um caso de repercussão, mas, até agora, a equipe de São Paulo não deu retorno”, afirma Rosa.
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Audiências
O caso segue sob sigilo de Justiça. Para o Ministério Público, a mãe do jovem, Tatiana Lozano Pereira, de 32 anos, deve ser julgada por homicídio qualificado, ocultação de cadáver e homofobia: em postagem dois dias antes de ser morto, Itaberli diz ter sido agredido pela mãe por ser gay.
“Na legislação atual não existe lei específica de homofobia. O que existe são as motivações que qualificam o crime, ou seja, o tornam mais grave. Um deles é a torpeza e, nesse caso, a homofobia é um motivo torpe, repugnante”, diz o promotor Wanderley Trindade Junior.
Nesta quinta-feira (29), testemunhas de acusação – incluindo familiares de Itaberli – foram ouvidos pela Justiça no Fórum de Cravinhos. Para Trindade Junior, as provas colhidas até o momento são suficientes para levar a mãe, o padrasto e os jovens a júri popular.
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O crime
O corpo de Itaberli foi encontrado carbonizado em 7 de janeiro, dez dias após ter sido morto. Entretanto, a família só registrou um boletim de ocorrência relatando o desaparecimento do adolescente em 9 de janeiro.
Dois dias depois, a mãe e o padrasto, o tratorista Alex Canteli Pereira, de 30 anos, foram presos e confessaram o crime. Inicialmente, Tatiana disse que esfaqueou o filho na madrugada de 29 de dezembro. Com a ajuda do marido, ela queimou o corpo no canavial.
Em um segundo depoimento, a mãe voltou atrás e contou que havia aliciado dois jovens – Victor Roberto da Silva, de 19 anos, e Miller Barissa, de 18, para darem um “corretivo” no filho, mas sem a intenção de matá-lo.
Um dos jovens confessou ter espancado Itaberli, enquanto o outro disse que apenas conversou com a vítima. Segundo a Polícia Civil, no entanto, ambos espancaram e enforcaram Itaberli, antes de a mãe esfaquear o próprio filho.
A dupla foi presa no dia 13 de janeiro. Uma estudante de 16 anos que confessou ter presenciado o momento em que Tatiana matou o filho também foi apreendida, no dia 27 de janeiro. Para a promotoria, a menor participou diretamente na morte de Itaberli.
O Ministério Público considera que o crime foi motivado por homofobia. Para a Promotoria, a mãe não aceitava o fato de o filho ser homossexual. Já a Polícia Civil sustenta a tese de conflito familiar,alegando histórico de agressões entre ambos.
Os cinco respondem por homicídio qualificado. Tatiana e o marido ainda são acusados de ocultação de cadáver.
Com informações G1







